quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Poema ar

Estou com um poema preso, um poema preso dentro de mim.

Ele me veio na garganta, quase vomitei...mas fiz força e engoli.

No dia em que surgiu, amassei e joguei pra dentro. Pensei que poderia digeri-lo e transforma-lo em algo que fizesse parte de mim, ou simpesmente defecá-lo, tentando nao sentir nem o seu fedor...

Mas ele ficou preso. Entalou. Entalou no peito e tem doído. Dói a ponto de me fazer faltar o ar.

Hoje acordei chorando de tanto que esse poema preso tensionava o pulmao, o figado e o coracao.

Só quem sofre de poemas presos sabe a dor dá.

Mas estou sem ação. Coagida. Nao tenho força nem pra cuspi-lo, nem pra digeri-lo.

Rezo pra que esse poema preso nao vire cancer, nem ulcera, nem gastrite, nem esofagite...nem nenhuma ite que me arranque partes de carne de mim...

Preciso de doses alopaticas de atenção...alguem que me ajude a transformar este poema preso em poema sentimento, em poema escrito, em poesia viva, concreta e contemporanea...

Preciso de poema ar!!!


Inspirado em poema de Viviane Mosé

A descoberta de Alice


Se nascesse de novo teria outra vida? Esta pergunta não lhe saía da cabeça...estava meio perdida neste contexto, que não sabia ser de crença, história, filosofia ou religião. Estava cansada de se perguntar. Estava cansada de procurar.

Passou boa parte da vida em busca de uma verdade escondida. Sua certeza sobre encontrar alguma explicação a levou longe...por conta desta obsessão leu muito, ouviu, discutiu, falou...chegou até a discursar sobre a situação, mas passado um tempo, um bom tempo, percebeu que tudo o que fizera, parecia em vão.

Notou que talvez sua busca fosse a própria resposta, que assim como mariposa na luz, havia passado a vida a dar voltas e bater com as asas em alguma coisa que não conseguia definir o quê. Percebeu que batia as asas em seu próprio vôo...Agora, completamente perdida em sua descoberta se rasteja bucólica pelo chão. Se tivesse asas, não conseguiria voar. Se tivesse luz, não conseguiria brilhar. Se tivesse melodia, não conseguiria cantar.

A única coisa que faz é respirar. Respira com certa dificuldade, porque para respirar é preciso certa vontade...não sabe muito bem o que será de sua vida. Tudo perdeu um pouco o sentido.

As vezes olha a janela e independente do tempo, sempre se pergunta se há vida lá fora. Sua aflição maior é pensar que tudo que foi, não foi. Que tudo que viu, inventou. Que tudo que sentiu, fantasiou. Que tudo que esperava, passou....passou....passou e ela não viu passar.

Sua vontade é que o tempo pare...PARE! Para que possa olhar tudo em unidades desconexas...Alice quer entender o mundo em partes, quer entender o mundo em cada coisa, em sua essência...para depois, se conseguir, conectá-las `a realidade.

Alice percebeu que não sabe o que é real, mas quer do fundo de sua alma, descobrir a realidade das coisas, dos sonhos, das pessoas, das lembranças, do passado...Alice quer muito viver o presente, mas sabe que antes precisa aprender a ver seu passado de uma forma mais tranquila, mais fria, mais quieta, mais distante...mais passado.

Alice só quer ver a luz!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

...`a Clarice.





...aprendi a me virar sozinha, se eu to te dando linha é pra depois..depois...bem, sabe que eu nao quero mais dar linha pra depois abandonar. Há algum tempo que se quer venho dando linha...é muita energia desperdiçada, é como diriam os evolucionistas...há de se estar adaptado e perder energia é uma falta imensa de boa adaptação. Nem mesmo posso dizer se esse papo tem mesmo alguma coisa a ver com adaptação..ou evolução, mas o fato, o fato é que cansei de dar linha, cansei de abandonar..e pra ser bem honesta, cansei de me virar sozinha...cansei, mais uma vez, cansei desse papo de ser super-mulher...de dar conta de tudo...enfim, aquela ladainha que fico aqui a repetir de tempos em tempos. Talvez a questão que se possa discutir seja "por que de tempos em tempos repito toda essa ladainha??"

Começo a me perguntar o que de fora nisso influi, o que de dentro se manifesta...se pudesse me descrever em imagem, diria uma mulher sozinha num café...tomando um café e olhando pela janela, sem buscar...só mesmo observando o "lá fora"...porem essa imagem simples e tao contemporanea, por vezes nao dialoga com o bucólico do ser...que queria mais era uma casinha no campo, os amigos..um amor e nada mais...a imagem que hoje se apresenta tão tipicamente metropolitana...é também uma imagem da solidão, da "sozinhez"...da tipica "sozinhez" em que se colocam aqueles que pensam demais...que nao aceitam o óbvio, que sonham demasiadamente grande e acreditam que nao há nada que possa ser impossível...

...o que parece muito concreto, na verdade se mostra mesmo como muito abstrato, como muito romantico, como muito divagador...como muito...sonhador!! Este ser no café que dialoga com o mundo do lado de fora sem sair do seu proprio mundo, que parece o retrato do pós...languidamente esconde sua melancolia numa xicara de café...num café sem açucar, intelectual, de pouca conversa e propício a alguma divagação.

Este ser sente solidão e se preenche com letras, números, papéis...este ser é São Paulo, é Nova Yorque, é Toquio, é Paris ...é o cheio...o cheio de um tudo que nada preenche...este ser sou eu, é quem me lê, quem me busca, quem me responde...este ser pode inclusive, ser....

sábado, 2 de outubro de 2010

Os olhos de Alice II

Postado por Carla Wanessa

...viver tudo aquilo foi muito importante para Alice. Ver o mundo com os pés no chão, sem estar no meio de um furacão, sem ter que fazer força para não ser engolida...

Estar sentada ao lado daquele sentimento, vê-lo de perto, analisar, sentir, experimentar...foi uma das experiencias mais importantes da vida de Alice...fez Alice se olhar, se buscar e entender que ela tambem era capaz da paz, da sobriedade, da paciencia, do cuidado, do lento, do passo-a-passo...

...mas Alice tambem percebeu que algo naquele olho de furacão a fazia bem...afinal, foi aquele estado de espirito que a fez reconhecer o tamanho de sua força, sua enorme vontade de lutar e sua insuperavel capacidade de sonhar. Para quem achava que Alice ficaria imóvel para todo o sempre, se enganou profundamente...Alice se levantou e correu para a janela, está só esperando pelo momento de sair levada pelo vento, pra descobrir novos mundos, ser absorvida por grandes sonhos e lutar pra chegar ao pico mais alto...e lá de cima, brilhar com as estrelas....

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Os olhos de Alice


Postado por Carla Wanessa

Seria muito dificil falar de Alice...Alice era muitas...era Maria, era Rosa, era Jose, era Beatriz, era Sheylla...mil mulheres em uma, uma mulher em milhares, apenas mais uma, mas ao mesmo tempo única.

Alice aprendeu muito cedo que a vida é dura. Apesar de desejar ardentemente por afagos, Alice se acostumara a nao ser vista. Nao era dificil pra ela se ver em situações onde nada representava ou onde era importante a ponto de ser agredida.

Nunca gostou muito de seu lado mulher, porque o seu lado mulher já havia lhe custado caro, já havia lhe dado medo, já havia lhe feito sentir exposta, desprotegida, insegura....invadida. No entanto Alice sempre gostou de olhos azuis....azuis como os mares que lhe faziam sentir livre, azuis como os olhos de sua mãe que nunca viu olhar olhar pra ela.

Seu facinio pelo azul lhe causava grande confusão...era o azul da cor, o azul do brilho, o azul do amor, o azul da raiva, o azul do desrespeito...azul passou a significar o caos e Alice sempre esteve no caos. Alice demorou a entender que nem tudo precisava rodar, chiar, pegar, grunir, gritar...Alice um dia conseguiu ver o lado de fora e se encantou com a paisagem. Apesar de estar sempre em ventania, um dia, sem querer, Alice viu o marasmo, a simplicidade, o silencio, a quietude...

Alice quis tanto sair do caos. Lutou com todas as suas forças e de todas as formas. Tentou voar contra, tentou ser levada, tentou fechar os olhos, tentou nao olhar pra tras...mas nada tirava Alice do caos. Até o dia em que se deparou com o amor. Alice nao sabia o que era amor. Achou muito estranho aquela coisa morna, doce, singela...era muito parecido com o lado de fora, que tanto desejara e lutara pra viver, mas Alice nao sabia o que fazer com o amor.

Pobre Alice, como um bicho, Alice chegou perto e cheia de medo, tentou cheirar pra ver que cheiro tem o Amor...Alice quis por a mão, quis tocar com os olhos, mas nao conseguia entender a falta de azul no brilho do amor...Alice sem saber como dialogar com aquilo, fez como sempre fez em sua vida...gritou muito, tagarelou, pulou e chiou pra ver se o Amor saia dali ou deixava de existir...nada funcionou. Alice se aquietou e ficou...Ainda hoje, pode-se ver Alice ali sentada...esta do lado do amor, olhando pra ele atonita...há dias que Alice está assim.

Há quem diga que Alice nunca mais sairá de lá, mas que pobrezinha, nunca, nunca conseguira entender o que vê...há quem diga que um dia Alice levantará e num salto profundo, se jogará devolta ao seu caos vital...mas há ainda, os que acreditam que Alice um dia perceberá que a luz que vê é um reflexo do espelho que está a sua frente e que o amor que tenta entender é um pedacinho dela, que a permite viver....

sexta-feira, 13 de agosto de 2010


Conformado!

Conformado com a idéia formada pela afirmação de que sua própria forma está errada.

Errado!? Conformado!

Forçado a confirmar certas afirmações erradas. Certo é quem está errado e não se sente conformado pela idéia formada pela fôrma da máquina desinformada em formato de sistema formador.



Tecla

Tecla

Tecla

A tecla pode te calar

Te cala na calada da noite, no teclado tocado, musicado.

Te cala de dia.

No dia que fala pela tela que te cala quando você fala pela tecla do teclado do computador....

Cuidado!!

As teclas calam

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Será que eu estava errada?




Se é errado?
Não sei!! Só sei mesmo é que está muito dificil de viver tentando atender expectativas internas com relação a essa super mulher que botaram dentro e mim. Fica muito pesado! Pesado demais ter que saber falar direito e bem certinho sobre tudo. Ler, entender e se interessar sobre tudo (inclusive aquele assunto que vc acha um porre!!), conhecer os melhores, maiores e também menos conhecidos filosofos e filosofias, e ter que ser bonita, gostosa, sarada de forma sultil, pra não parecer futil....e tudo com muita naturalidade!! Sem contar a questão dos relacionamentos...como esta dificil se relacionar!! Se a gente fala, fala demais!! Se não fala, não acompanha o assunto!! Se critica, tem personalidade forte e te classificam segundo Gikovate, como egoista!!! Senão, pobrezinha, é submissa!! Se trepa no primeiro dia, não presta!!! Se não trepa, é conservadora e não valoriza as conquistas feministas!!!Se fala o que pensa, é prepotente, atrevida. Se não fala, não tem personalidade!!!

Mas tudo isso pra quem???? Vivemos num mundo cada vez mais solitário e individual, onde as cobranças sociais são cada vez mais crueis, porque exigem de nós que sejamos o impossível...o que ninguem é. E o pior é que a cobrança é feita assim, em débito automático, se não tem pra dar fica devendo pra própria consciência, finamente trabalhada e construída pela sua mãe, que te disse pra ser independente, forte e capaz de tudo sozinha...e logo depois lia Cinderela pra vc dormir...que paradoxo!!! E sabe que minhas amigas tiveram esse mesmo problema...era tanta independencia pra lidar com tanta cobrança pra se preocupar!!! Pode queimar o sutiã na praça, mas não pode sair sem sutiã que chama atenção. Pode ser independente mas tem que ter um homem, porque mulheres interessantes estão sempre bem acompanhadas...pode ter dinheiro pra pagar a conta, mas é bom estar acompanhada por um cavalheiro que queira paga-la. E sabe, é bom estar sozinha...mas mulheres que estão sozinhas, estão porque são muito chatas!!!

Cansei...quero afogar meu alterego por tempo indeterminado...álias eu devia era manda-lo morar com minha mãe e viver feliz da vida sem me perguntar no dia seguinte: será que eu estava errada??

PS.. e sabe o que eu ouvi hoje de manhã? Que eu mando pela metade, porque pessoas que mandam são disciplinadas e eu não sou disciplinada...Penso eu: Onde estava a crítica; no "pessoas que mandam" ou no "vc não é disciplinada"??

Perdi alguma coisa????